quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Justiça tem obrigado planos de saúde a custear tratamento domiciliar com quimioterapia oral

O desenvolvimento de novos medicamentos quimioterápicos tem tido dois objetivos. O primeiro, obviamente, é aumentar a eficácia do tratamento. Ainda estamos longe da cura, porém os avanços recentes nos trazem alguma esperança de pelo menos oferecer controle da doença a um grande grupo de pacientes. O segundo objetivo é diminuir os efeitos colaterais do tratamento - fazer com que o controle da doença seja feito preservando a qualidade de vida das pessoas.
Com este segundo objetivo em mente, muitas novos medicamentos vêm sendo trazidos para a prática clínica dentro de cápsulas ou comprimidos. A quimioterapia assim pode ser tomada em casa, evitando as longas aplicações endovenosas nas clínicas.
No entanto, grande parte deste avanço tem trazido complicações ao acesso aos medicamentos. Essas novas terapias geralmente têm alto custo, e planos de saúde e seguradoras têm tentado ao máximo evitar pagar este preço.
Com a alegação de que os contratos firmados com os usuários excluem fornecimento de medicamentos para uso domiciliar, a maioria dos planos de saúde negam de maneira sistemática a cobertura a este tipo de tratamento.
No entanto, a cobertura para tratamento antineoplásico (isto é, contra o câncer) é obrigatória por lei. E, citando a juíza Inês da Trindade Chaves de Melo em recente deliberação, a aplicação de quimioterapia oral "não se trata de mero fornecimento domiciliar de remédios, como analgésicos, ou antibióticos, mas de uma etapa integrante de todo o tratamento do paciente, que assim se beneficia com a redução do tempo passado no hospital, e tem, na melhoria da sua qualidade de vida, conforme relatam vários textos médicos, maior chance de sucesso no processo de reversão da enfermidade".
A Bradesco Saúde já foi notificada judicialmente da obrigatoriedade na cobertura de tratamento antineoplásico com medicamentos orais, em decisão de janeiro de 2010.
E recentemente, a empresa Amil também se viu obrigada por ação judicial a oferecer cobertura a tratamento com medicamentos quimioterápicos orais, no Rio de Janeiro.
Minha opinião é que não se pode restringir ou negar o acesso a terapias que tragam claros benefícios aos pacientes - seja em cura, em tempo de vida ou em qualidade de vida. Se o sistema de saúde suplementar foi criado com o objetivo de prestar serviços não disponíveis dentro do sistema público, que assim seja feito.
Até que consigamos fazer com que o Estado cumpra com sua obrigação de também prestar serviços adequados de saúde a toda a população.
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Avastin não traz benefícios para pacientes com câncer de estômago

A indústria farmecêutica Roche adiantou resultados de estudo clínico informando resultados desapontadores de novo estudo clínico com seu medicamento Bevacizumabe (ou Avastin) em pacientes com câncer de estômago.
A adição do Bevacizumabe à quimioterapia aparentemente não aumentou o tempo de vida dos pacientes tratados. Os resultados do estudo serão apresentados no encontro anual da ASCO (o maior congresso mundial de oncologia), nos Estados Unidos, em junho.
O Bevacizumabe é um representante das novas drogas - anticorpos monoclonais - que atuam em um alvo específico. Ele é um medicamento antiangiogênico - impede que novos vasos sanguíneos se formem para "alimentar" os tumores em formação.
O Bevacizumabe é eficaz e com resutados animadores quando associado à quimioterapia no tratamento de alguns pacientes com câncer de intestino grosso, pulmão, mama, rim ou cérebro.
Atualmente, o tratamento indicado para os pacientes com câncer de estômago avançado é a quimioterapia convencional. Aparentemente, permaneceremos assim por mais algum tempo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Aparelho de ultrassom portátil - nova realidade?

As indústrias de equipamentos de imagem (como GE e Siemens) têm frequentemente sido associadas à produção de novas grandes máquinas, do tamanho de carros populares, como Ressonâncias Magnéticas, Tomografias Computadorizadas, Pet Scan e outras.
Mas parece que essas empresas finalmente estão acompanhando a tendência dos MP3 e iPods, com a criação de aparelhos portáteis de ultrassonografia.
A idéia é possibilitar a realização de ultrasonografias em qualquer lugar em que o médico esteja. Assim como se faz com os estetoscópios, atualmente, para escutar principalmente pulmões e coração.
Resta saber o custo desta nova tecnologia, e se a acurácia dos exames será a mesma dos aparelhos maiores. O resultado das ultrassonografias geralmente depende muito da habilidade do médico que faz o exame, que é decorrente de muitos anos de treinamento.

Tubarões tem câncer também...

A seguir, link para excelente artigo do colega Dráuzio Varella, sobre automedicação, e sobre as ditas terapias naturais contra o câncer (incluindo a famosa cartilagem de tubarão).
http://www.drauziovarella.com.br/artigos/automedicacao.asp

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O diagnóstico de câncer de próstata pode aumentar o risco de suicídio e de morte por ataque cardíaco

Artigo publicado na última edição da revista científica Journal of the National Cancer Institute apresenta resultados de um estudo que sugerem um potencial novo problema para os pacientes com câncer.
Pesquisadores da Harvard Medical School acompanharam mais 340 mil pacientes com câncer de próstata nos Estados Unidos, de 1979 até 2004, em um dos maiores estudos observacionais apresentados. Cada paciente era acompanhado desde o diagnóstico até 12 meses depois.
Os resultados do estudo mostram que o risco de suicídio foi quase duas vezes maior, nos três primeiros meses após o diagnóstico. O risco de infarto agudo do miocárdio foi mais de duas vezes maior, no primeiro mês após o diagnóstico.
Esses resultados trazem preocupações quanto ao real benefício do rastreamento do câncer de próstata, com PSA e toque retal. Muitos pacientes são diagnosticados portadores de câncer de próstata através desses exames, mas apresentam uma doença indolente, que não trariam prejuízo, sintomas, ou risco de morte. Mas o diagnóstico pode aumentar a mortalidade, somente pelo fator psicológico envolvido.
O que podemos concluir, principalmente, é que fatores emocionais e psicológicos devem ser levados em conta pelos médicos, ao se fazer o diagnóstico e ao apresentar o resultado dos exames aos pacientes. A educação sobre o câncer e a desmistificação da doença também podem ajudar a diminuir os riscos.
O estudo original (em inglês) você confere clicando aqui.
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