quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Mamografia somente após os 50 anos?

Novas recomendações feitas por especialistas nos Estados Unidos trouxeram à tona raivosas argumentações, em novembro deste anos, contra a decisão.

No Brasil, foi praticamente unânime a condenação às recomendações feitas pela US Task Force, de que apenas mulheres com mais de 50 anos devem ser submetidas a mamografias de rotina, a cada dois anos. A imprensa entravistou vários mastologistas e oncologistas que expressaram sua preocupação quanto à possibilidade de “perdermos” mulheres entre 40 e 50 anos com câncer de mama, pela falta do diagnóstico precoce.

Depois de tantas opiniões... E então? A mamografia serve ou não para mulheres entre 40 e 50 anos? Elas devem fazer o exame?

Na verdade, as recomendações feitas pela US Task Force surgiram após revisão sistemática da literatura, que avaliou todos os estudos publicados previamente sobre o tema. E estatística não é fácil de entender. Médicos não são matemáticos, e têm grandes dificuldades em entender números. Mas vamos tentar explicar.

As mamografias feitas regularmente reduzem a mortalidade por câncer de mama, nas mulheres. A redução do risco relativo é de 15%, e a redução do risco absoluto é de 0,05%. Isso significa que de cada 2000 mulheres que fazem o rastreamento, 1 morte por câncer de mama será evitada, mas 10 mulheres serão diagnosticadas e tratadas erroneamente ou sem necessidade.

Quando se avaliaram mulheres entre 40 e 50 anos, descobriu-se que os números são um pouco diferentes. Nessa população, de cada 3000 mulheres que fazem o rastreamento, 1 morte por câncer de mama será evitada, mas até 300 mulheres serão diagnosticadas e tratadas erroneamente ou sem necessidade. Devido aos problemas com os falsos-positivos (as mulheres que serão diagnosticadas e tratadas erradamente), questionam-se os benefícios reais das mamografias em mulheres mais jovens, e surgiram as preocupações e as novas recomendações.

As recomendações, na verdade, não contra-indicam a mamografia em mulheres entre 40 e 50 anos. Mas sugerem que não seja indicada como rotina. E que sejam explicados os prós e os contras, para mulheres nessa faixa etária. Apenas mulheres orientadas adequadamente pelos seus médicos deveriam decidir após receberem as informaçõe técnicas.

O problema é que a maioria dos médicos não entende os resultados numéricos dos estudos, e não consegue informar e orientar com isenção suas pacientes. Vide a imprensa.

Qual sua opinião a respeito?

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