sábado, 5 de dezembro de 2009

Talidomida ineficaz em pacientes com câncer de pulmão

A talidomida e uma droga maisconhecida  pelos seus efeitos teratogênicos, pois é causadora de deformidades em fetos de gestantes que usaram a medicação, nos anos 70.

No entanto, recentemente essa medicação tem ganhado espaço no tratamento de várias neoplasias. Hoje ela é considerada peça importante no tratamento do mieloma múltiplo, por exemplo, melhorando de maneira muito significativa os resultados da quimioterapia convencional.

A talidomida tem um efeito antiangiogênico. Isto é, diminui a criação de novos vasos sanguíneos, fundamentais para o crescimento tumoral.

Pesquisas iniciais sugeriram que a talidomida fosse promissora também na associação à quimioterapia em outras neoplasias, como o câncer de pulmão. O bevacizumabe, outro medicamento com ação antiangiogênica, exerce papel importante no tratamento desse tipo de câncer.

Pesquisadores da Universidade de Copenhaguen, na Dinamarca, estudaram essa estratégia em pacientes portadores de câncer de pulmão avançado, com metástases. Mais de 200 pacientes foram avaliados, e separados de forma aleatória em dois grupos. Um recebeu quimioterapia, e o outro grupo recebeu quimioterapia associada à talidomida. Os resultados finais do estudo mostraram que a talidomida não teve efeito benéfico aos pacientes. A progressão e o risco de morte dos pacientes foi igual nos dois grupos. E para piorar, o grupo que recebeu talidomida apresentou taxas maiores de eventos tromboembólicos (como trombose venosa, por exemplo). O estudo foi publicado na British Medical Journal, uma das mais prestigiadas revistas médicas do mundo, em outubro deste ano.

Mais pesquisas são necessárias. E estudos como este apenas mostram que resultados promissores iniciais não são garantia de sucesso na prática clínica.

Para ver um resumo do estudo original, em inglês, clique aqui.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Mamografia somente após os 50 anos?

Novas recomendações feitas por especialistas nos Estados Unidos trouxeram à tona raivosas argumentações, em novembro deste anos, contra a decisão.

No Brasil, foi praticamente unânime a condenação às recomendações feitas pela US Task Force, de que apenas mulheres com mais de 50 anos devem ser submetidas a mamografias de rotina, a cada dois anos. A imprensa entravistou vários mastologistas e oncologistas que expressaram sua preocupação quanto à possibilidade de “perdermos” mulheres entre 40 e 50 anos com câncer de mama, pela falta do diagnóstico precoce.

Depois de tantas opiniões... E então? A mamografia serve ou não para mulheres entre 40 e 50 anos? Elas devem fazer o exame?

Na verdade, as recomendações feitas pela US Task Force surgiram após revisão sistemática da literatura, que avaliou todos os estudos publicados previamente sobre o tema. E estatística não é fácil de entender. Médicos não são matemáticos, e têm grandes dificuldades em entender números. Mas vamos tentar explicar.

As mamografias feitas regularmente reduzem a mortalidade por câncer de mama, nas mulheres. A redução do risco relativo é de 15%, e a redução do risco absoluto é de 0,05%. Isso significa que de cada 2000 mulheres que fazem o rastreamento, 1 morte por câncer de mama será evitada, mas 10 mulheres serão diagnosticadas e tratadas erroneamente ou sem necessidade.

Quando se avaliaram mulheres entre 40 e 50 anos, descobriu-se que os números são um pouco diferentes. Nessa população, de cada 3000 mulheres que fazem o rastreamento, 1 morte por câncer de mama será evitada, mas até 300 mulheres serão diagnosticadas e tratadas erroneamente ou sem necessidade. Devido aos problemas com os falsos-positivos (as mulheres que serão diagnosticadas e tratadas erradamente), questionam-se os benefícios reais das mamografias em mulheres mais jovens, e surgiram as preocupações e as novas recomendações.

As recomendações, na verdade, não contra-indicam a mamografia em mulheres entre 40 e 50 anos. Mas sugerem que não seja indicada como rotina. E que sejam explicados os prós e os contras, para mulheres nessa faixa etária. Apenas mulheres orientadas adequadamente pelos seus médicos deveriam decidir após receberem as informaçõe técnicas.

O problema é que a maioria dos médicos não entende os resultados numéricos dos estudos, e não consegue informar e orientar com isenção suas pacientes. Vide a imprensa.

Qual sua opinião a respeito?